sábado, 23 de maio de 2009

Família, papai, mamãe, titia & a governança corporativa.




O desenvolvimento da gestão corporativa está diretamente relacionado ao crescimento da empresa. Até aí, não precisa ser Preston Tucker para constatar tal fato. Muitas empresas começam suas operações a partir de negócios familiares, porém poucas conseguem se manter estáveis depois de atingirem determinado grau de estruturação.

Empresas renomadas como O Boticário, Marisol, Eliane Revestimentos, Fertilizantes Heringer, e Globo Comunicações e Participações atentas aos problemas causados pela governança familiar, profissionalizaram sua estrutura e hoje são corporações mais estruturadas e assim melhor sucedidas. Digo isso, não porque empresas familiares sejam mal administradas, mas pelo fato de uma pesquisa realizada pela consultoria Prosperare mostrou que as empresas familiares que possuem conselho de administração com participação de membros independentes tiveram um crescimento médio de 66% no faturamento entre 2001 e 2007. O grupo de companhias que têm baixa aderência aos conceitos de governança profissional avançou apenas 27% no mesmo período.

O tema misturar trabalho com família sempre foi pivô de muitas discussões, seja pelo excesso de tempo no trabalho em comparação ao tempo de permanência com a família, ou pelo excesso do tempo da família no ambiente de trabalho. Trabalhar com a família é muito complicado, quando no almoço de dia das mães você irá rever toda sua equipe. Livrar-se totalmente de laços afetivos, e tratar seus familiares com uma postura inteiramente profissional é um feito um tanto quanto difícil.



Para melhor refletir sobre tal assunto, trago o caso do processo de profissionalização da gestão por qual passou a empresa catarinense Eliane Revestimentos e Cerâmicos. A empresa foi fundada em 1960 por Maximiliano Gaidzinski que ficou no comando dos negócios até 1980 quando veio a falecer. Nos 15 anos seguintes, a segunda geração da companhia comandou a expansão da Eliane, abrindo novas plantas no Espírito Santo, Paraná e Minas Gerais. A família muito atenta a tal expansão, viu-se exigida a trocar a gestão, que passou a ser comandada por executivos do mercado. Porém para não se afastar de fato dos negócios, os Gaidzinski também passaram por um processo de profissionalização. Assim os donos da Eliane ingressaram no Family Business Network (FBN), um grupo internacional que reúne líderes de empresas familiares para troca de experiências e aprendizados.

Depois de passar por diversos treinamentos os integrantes da família viram-se possibilitados e maduros suficientes para ocupar cadeiras no conselho administrativo. Esse trabalho de governança repercutiu muito bem no mercado de capitais. Em 2000, mesmo ano em que montou o conselho de administração, a Eliane conseguiu aprovar um empréstimo de US$ 45 milhões no Banco Mundial, com custo inferior a 20% em linhas de crédito tradicional da época. Nesse caso o conselho de administração foi um pré-requisito para pleitear o crédito. De lá pra cá, o faturamento da empresa mais que dobrou, chegando a R$ 500 milhões.

Pitaco de Tucker!

Para melhor fixar o post de governança corporativa em empresas familiares, trago uma reportagem de Marcelo Barboza, presidente do grupo Pragmática.

Diante do caso, fica evidente que a governança que começou dentro da família Gaidzinski e que depois se expandiu para os negócios, foi fundamental para obter o sucesso. O processo foi alinhado e seguiu a evolução dos conceitos da gestão e maturidade dos sócios. Antes de profissionalizar uma empresa é necessário antes de tudo amadurecer a gestão, feito isso, a empresa estará pronta para formar um conselho de administração. (Preston Tucker)

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