domingo, 31 de maio de 2009

Água e Vinho, Espanha e Holanda.

Já dizia minha grandmother, senhorita Margareth Robinson Tucker: “se cuidar do dinheiro dos outros fosse coisa ruim não existiriam tantos bancos e políticos”. Pois é vovó, o mercado bancário além de ser conhecido por ser um dos mais valiosos é um dos mais competitivos do mundo. Não é a toa que nos habituamos a escutar notícias de aquisições, fusões e falências no setor bancário.

Porém uma delas me chamou a atenção, e foi a aquisição do renomado banco holandês ABN Amro Bank pelo consórcio formado pelos bancos Santander, Fortis e Royal Bank of Scotland que ocorreu no final de 2008. No negócio mundial, o banco espanhol Santander após pagar uma quantia que gira em torno de US$ 19,9 bilhões, ficou responsável pelas atividades latino-americanas do ABN Amro na América latina dono do Banco Real.

Essa aquisição além de gerar muita mídia, causou muita repercussão junto aos clientes do Banco Real, um banco tradicional no Brasil e que possui marca, imagem e valores diferenciados frente aos demais bancos. Muitos clientes ficaram bastante desagradados com tal fato e se sentiram ameaçados, pois dias após a consolidação da aquisição a assessoria de imprensa do banco Santander divulgou que possui o plano de acabar com a marca Real até o fim de 2010.

Como manter a marca Real é um negócio inviável para o Santander, o grande desafio será não matar a marca Real subitamente, o processo de substituição deve ser feito de modo cuidadoso lembrando de incorporar os valores de tal banco. Para isso, o Santander manteve o presidente do Banco Real, Fábio Barbosa (um dos grandes responsáveis pela criação e implementação da ideologia sustentável no Real), uma atitude um tanto quanto prudente para um banco tão agressivo.

Acompanhe o breve comparativo entre as duas marcas:




Se pelo menos o Santander não conseguir incorporar tal visão, valores e afins, os espanhóis tiraram o chapéu para a administração do ponto de vista sustentável, o que já é alguma coisa. Um dos poucos departamentos que pouco se alteraram na estrutura do Real foi o departamento de Sustentabilidade. A partir de uma análise bastante rápida podemos perceber o modo dionisíaco (Banco Real) e apolíneo (Santander) de administração bancária. È uma pena uma marca tão valiosa se perder de tal maneira. Espero que os espanhóis tenham bastante cautela em todas suas decisões. Sou Preston Tucker, e esse foi meu 5º post aqui no blog.

domingo, 24 de maio de 2009

"Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência" (Karl Marx)

Para ilustrar tal pensamento colocarei este exemplo achado. Mais do que boas risadas quero que matutem a respeito.




"Hold that tiger!" (P.T.)

sábado, 23 de maio de 2009

Família, papai, mamãe, titia & a governança corporativa.




O desenvolvimento da gestão corporativa está diretamente relacionado ao crescimento da empresa. Até aí, não precisa ser Preston Tucker para constatar tal fato. Muitas empresas começam suas operações a partir de negócios familiares, porém poucas conseguem se manter estáveis depois de atingirem determinado grau de estruturação.

Empresas renomadas como O Boticário, Marisol, Eliane Revestimentos, Fertilizantes Heringer, e Globo Comunicações e Participações atentas aos problemas causados pela governança familiar, profissionalizaram sua estrutura e hoje são corporações mais estruturadas e assim melhor sucedidas. Digo isso, não porque empresas familiares sejam mal administradas, mas pelo fato de uma pesquisa realizada pela consultoria Prosperare mostrou que as empresas familiares que possuem conselho de administração com participação de membros independentes tiveram um crescimento médio de 66% no faturamento entre 2001 e 2007. O grupo de companhias que têm baixa aderência aos conceitos de governança profissional avançou apenas 27% no mesmo período.

O tema misturar trabalho com família sempre foi pivô de muitas discussões, seja pelo excesso de tempo no trabalho em comparação ao tempo de permanência com a família, ou pelo excesso do tempo da família no ambiente de trabalho. Trabalhar com a família é muito complicado, quando no almoço de dia das mães você irá rever toda sua equipe. Livrar-se totalmente de laços afetivos, e tratar seus familiares com uma postura inteiramente profissional é um feito um tanto quanto difícil.



Para melhor refletir sobre tal assunto, trago o caso do processo de profissionalização da gestão por qual passou a empresa catarinense Eliane Revestimentos e Cerâmicos. A empresa foi fundada em 1960 por Maximiliano Gaidzinski que ficou no comando dos negócios até 1980 quando veio a falecer. Nos 15 anos seguintes, a segunda geração da companhia comandou a expansão da Eliane, abrindo novas plantas no Espírito Santo, Paraná e Minas Gerais. A família muito atenta a tal expansão, viu-se exigida a trocar a gestão, que passou a ser comandada por executivos do mercado. Porém para não se afastar de fato dos negócios, os Gaidzinski também passaram por um processo de profissionalização. Assim os donos da Eliane ingressaram no Family Business Network (FBN), um grupo internacional que reúne líderes de empresas familiares para troca de experiências e aprendizados.

Depois de passar por diversos treinamentos os integrantes da família viram-se possibilitados e maduros suficientes para ocupar cadeiras no conselho administrativo. Esse trabalho de governança repercutiu muito bem no mercado de capitais. Em 2000, mesmo ano em que montou o conselho de administração, a Eliane conseguiu aprovar um empréstimo de US$ 45 milhões no Banco Mundial, com custo inferior a 20% em linhas de crédito tradicional da época. Nesse caso o conselho de administração foi um pré-requisito para pleitear o crédito. De lá pra cá, o faturamento da empresa mais que dobrou, chegando a R$ 500 milhões.

Pitaco de Tucker!

Para melhor fixar o post de governança corporativa em empresas familiares, trago uma reportagem de Marcelo Barboza, presidente do grupo Pragmática.

Diante do caso, fica evidente que a governança que começou dentro da família Gaidzinski e que depois se expandiu para os negócios, foi fundamental para obter o sucesso. O processo foi alinhado e seguiu a evolução dos conceitos da gestão e maturidade dos sócios. Antes de profissionalizar uma empresa é necessário antes de tudo amadurecer a gestão, feito isso, a empresa estará pronta para formar um conselho de administração. (Preston Tucker)